
Quando as temperaturas baixam, separamos casacos, meias e cobertores, já preparados para enfrentar o frio. Mas e os amigos de quatro patas, comumente revestidos de pelos, será que também sentem a mudança nos termômetros? Sim, o clima gelado não afeta só os humanos, mas também os animais de estimação, apesar do cobertor natural que carregam. Assim como nós, os pet também sofrem com o frio e podem ter problemas respiratórios, dores articulares e até hipotermia se não forem devidamente protegidos.
A primeira coisa a se entender é que cada espécie e raça vai exigir um cuidado diferente. Por exemplo, aves de estimação e cachorros terão comportamentos diferentes ao tentar se aquecer. Cães de raças específicas, como o husky siberiano, que tem pelagem espessa própria para o frio, são mais resistente que o pinscher, por exemplo, que tem pelagem curta e não é adaptado para o clima adverso.
Para saber se os pets estão com frio, é necessário estar atento ao comportamento deles, pois suas atitudes demonstrarão quando for necessário um cuidado a mais. Cães e gatos costumam agir de forma parecida, procurando por cantos mais aconchegantes ou com exposição do Sol, encolhendo-se mais para dormir e, no caso dos cachorros, até mesmo tremer.
A advogada Patrice Vasconcelos, 44 anos, é tutora do Sentinela, um cão sem raça definida, há 10 anos, tempo suficiente para aprender quando o pet está com frio. Ela conta que Sentinela se deita enrolado como uma "rosquinha" e, quando o focinho fica gelado, ela sabe que ele vai precisar de um cobertor.
A técnica de checar o focinho do animal é bem comum e pode, sim, ajudar a identificar a temperatura corporal do bichinho, assim como as pontas das orelhas e os coxins — as almofadinhas das patas —, que quando estão geladas, dão sinal do frio.
Com pets de espécies exóticas pode parecer mais complicado, mas eles também dão sinais quando estão sofrendo com as temperaturas baixas. Os roedores, como hamsters e porquinhos-da-índia, e também os coelhos têm corpos sensíveis às mudanças nos termômetros. No caso dos hamsters, que são animais de origem desértica, quando expostos a altas temperaturas, podem até mesmo hibernar.
Esses animais são muito ativos e curiosos. Se notar que estão se movimentando mais lentamente ou ando mais tempo escondidos e encolhidos em algum abrigo, pode ser um sinal de que estão com frio. Eles tendem a ficar letárgicos, como o corpo gelado e até apresentar tremores. Quando criados em grupos, os roedores buscam se agrupar para se aquecer. As aves, um pet mais incomum, têm comportamento parecido. Ficam mais quietinhas e, quando estão em conjunto em gaiolas, reúnem-se para manter o calor.
Os cuidados
Qualquer que seja o pet, aprender como mantê-los protegidos e aquecidos é essencial. O primeiro o é assegurar que tenham um espaço abrigado de vento, pelo menos durante os períodos de maior intensidade do frio, como o começo da manhã e à noite. Quando houver a necessidade de eio, dê preferência para sair em horários com mais incidência de Sol, e quando isso não for possível, uma roupinha de frio é uma boa opção.
Outro movimento indispensável é providenciar uma cama aconchegante. Quando já não houver uma, com ao menos um cobertor, para que o pet possa se enrolar se quiser. As roupas de frios dividem opiniões, pois há quem acredite que elas incomodam ou sufocam o animal, mas em alguns casos, quando for preciso sair, ou o cantinho protegido não adiantar, elas vão além da estética, basta escolher uma que mais se adeque — se o pet não gostar, ele irá demonstrar ou tentar tirar.
Para os que vivem em gaiolas, fornecer abrigos e ninhos adequados, como uma casinha ou túnel, ou até materiais macios, como panos, ou o feno para coelhos, ajuda a mantê-los aquecidos. Os pássaros também precisam ser protegidos de correntes de ar e, em casos de frio mais extremos, as lâmpadas aquecedoras podem gerar um conforto a mais.
Um detalhe importante a se lembrar é em relação ao banho e à tosa. Quando o banho for feito em casa, lembre-se de usar água morna, em horários mais quentes e evitando o vento. Os pet shops costumam ter suas técnicas para lavar, secar e tosar os bichinhos no clima frio.
O médico veterinário Frederico do Vale conta que animais idosos e filhotes possuem uma imunidade mais baixa e um sistema mais delicado, o que os tornam mais sensíveis e propensos a terem gripe ou problemas maiores. "Esses requerem uma atenção e um cuidado redobrados, com acompanhamento profissional para garantir que não desenvolvam qualquer complicação." Patrice conta que por Sentinela ser um cãozinho idoso, sempre o leva para check-ups e consultas regularmente e, quando o frio começa, pede orientação para o veterinário sobre qual a melhor forma de protegê-lo.
Hidratação e alimentação
Algo que também requer atenção nas épocas geladas é a alimentação e a hidratação do pet. Frederico explica que eles tendem a comer menos e beber menos água por conta do baixo gasto energético para manter a temperatura corporal e a transpiração, ou seja, estão mais quietos e gastam menos energia. Ele conta que é preciso ter atenção para que não e o dia sem comer, e estimular a ingestão hídrica faz-se necessário. "Ofereça água de coco ou sachês que têm maior quantidade de água", detalha.
Sentinela, por exemplo, recebe uma ração misturada com caldo de ossos aquecido à noite, e a tutora tem o cuidado de disponibilizar vários recipientes de água em lugares que o cão fica com mais frequência.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte