ARTIGO

Bolsa Família: uma política que salva vidas e constrói o futuro

Estudo publicado na renomada revista científica The Lancet Public Health mostra que o Bolsa Família não apenas reparou injustiças históricas, mas continua sendo essencial para o futuro do país

PRI-0806-OPINI -  (crédito: Maurenilson Freire)
PRI-0806-OPINI - (crédito: Maurenilson Freire)

Wellington Dias ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome  

O estudo publicado na renomada revista The Lancet Public Health em 29 de maio de 2025 comprova o que sempre defendemos: o Bolsa Família é uma das políticas públicas mais eficazes já implementadas no Brasil. Em duas décadas, o programa evitou 700 mil mortes e 8 milhões de internações hospitalares, com impactos ainda mais expressivos entre crianças e idosos, os mais vulneráveis à pobreza. Os números não mentem: onde o programa chegou com cobertura ampla e benefícios adequados, a mortalidade infantil caiu 33% e as hospitalizações de idosos foram reduzidas à metade.  

Esses resultados não são fruto do acaso. Eles refletem um modelo de inclusão social criado e aperfeiçoado pelo governo do presidente Lula que combina transferência de renda, o à saúde e educação, rompendo o ciclo intergeracional da pobreza. O estudo, liderado por pesquisadores da Fiocruz, Universidade Federal da Bahia (Ufba) e Universidade de Barcelona, vai além: projeta que, se expandirmos o programa até 2030, poderemos evitar 683 mil mortes e mais 8 milhões de internações. Ou seja, o Bolsa Família não apenas reparou injustiças históricas, mas continua sendo essencial para o futuro do país.  

O Bolsa Família não é apenas uma política brasileira; é um exemplo para o mundo. Durante a presidência do G20 em 2024, o Brasil liderou a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, mostrando que programas de transferência de renda são estratégicos para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. O estudo reforça essa visão: investir em proteção social é investir em saúde pública.  

Os críticos do programa costumam dizer que "dar dinheiro aos pobres" não resolve problemas estruturais. Mas os dados mostram o contrário. Quando uma família recebe o Bolsa Família, ela não só compra comida, mas também mantém crianças na escola, garante pré-natal adequado e reduz a desnutrição. Isso mostra que políticas de transferência de renda bem estruturadas salvam vidas.  

O estudo também alerta sobre o impacto do Bolsa Família, que é maior quando o benefício é robusto e atinge quem mais precisa. Por isso, nosso compromisso é garantir que do Bolsa a família só saia se for para cima, saindo da pobreza para a classe média, com carteira assinada ou por meio do empreendedorismo, com uma renda per capita que traga dignidade para todos. 

Em 2024, o programa completou 21 anos atendendo a cerca de 50 milhões de brasileiros, com um orçamento de US$ 168 bilhões. Parece muito? Comparemos: em 2023, o Brasil gastou muitas vezes mais com subsídios como incentivos fiscais a setores privilegiados do que com o Bolsa Família. Ou seja, o programa é eficiente e barato para o tamanho de seu impacto positivo.  

No acumulado de janeiro a dezembro de 2024, o saldo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foi positivo, com a geração de 1.693.673 empregos, o que representa um acréscimo de 16,47% em relação ao mesmo período do ano anterior. Desse montante, 98,87% das vagas foram ocupadas pelo público do Cadastro Único e do Bolsa Família. Mais de 1,3 milhão de famílias deixaram o Bolsa Família em 2024 após melhorarem de renda. A geração de emprego e renda permitiu que famílias que tiveram ganho acima de meio salário mínimo por pessoa deixassem o programa. Outras 2,2 milhões de residências aram para a Regra de Proteção no último ano.

Tudo isso mostra que vivemos uma disputa entre dois projetos de país: um que reduz o Estado e corta direitos, e outro que acredita na força das políticas públicas para tirar o seu povo da pobreza e levá-lo até a classe média. O estudo da Lancet deixa claro qual caminho dá certo. Nosso desafio agora é fortalecer o programa, integrando-o a outras políticas, como geração de emprego e incentivo ao empreendedorismo, agricultura familiar e enfrentamento às mudanças climáticas, que ameaçam especialmente as populações vulneráveis.  

O Bolsa Família já salvou milhões de vidas. Com vontade política e investimentos corretos, salvará milhões mais. Não é caridade, é justiça. Não é gasto, é investimento. O Brasil que queremos não é só o que supera a pobreza, mas o que garante dignidade e futuro para todas e todos.

 


Por Opinião
postado em 08/06/2025 06:00 / atualizado em 08/06/2025 13:14
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