
A brasiliense Maria Clara Barreto, de 24 anos, alcançou, na última semana, um dos maiores marcos da carreira: se tornou vice-campeã de jiu-jitsu na competição mundial World Jiu-Jitsu IBJJF Championship. A conquista veio pouco mais de um ano após ela começar a competir profissionalmente. “Olha, eu acho que a ficha não caiu ainda. Desde que entrei no jiu-jitsu, eu imaginava esse momento. Já tinha na cabeça que queria viver isso”, conta, emocionada.
Faixa-marrom e moradora de Águas Claras, Maria Clara treina há oito anos, mas se lançou no circuito profissional há apenas um ano. Ela também é a atual campeã sul-americana. A trajetória dela chama atenção, além de atleta, também trabalha com marketing digital. À noite, assume o papel de atleta de alto rendimento. “Eu não vivo do jiu-jitsu, então sempre me preparei para dar o meu melhor mesmo dividindo a rotina. E eu compito com meninas que não têm essa dupla jornada, que são somente atletas. A sensação de vencer é incrível”, afirma.
A vitória é um marco pessoal, mas também coletivo. Nesta semana, Maria Clara deu início a um projeto social em uma igreja, em Taguatinga Sul. Lá, ela oferece aulas gratuitas de jiu-jitsu para crianças, mulheres e adultos. “Tem muita criança com potencial gigantesco para crescer. E tudo é gratuito. Comecei com 16 anos e o jiu-jitsu mudou minha vida. Hoje, minha missão é ser a porta para outras pessoas”, diz.
O reconhecimento no tatame trouxe visibilidade, mas também uma consciência maior sobre o papel que exerce fora dele. “Hoje em dia, tenho clareza de que sou uma inspiração para outras meninas. Não quero ser apenas uma campeã, quero ter um propósito”, afirma. Ela conta que muitas jovens a procuram dizendo que querem começar no esporte por causa dela. Para Maria Clara, o jiu-jitsu é uma ferramenta de transformação e conscientização — principalmente entre mulheres.
Apesar da conquista, a atleta ressalta os desafios de quem escolhe o jiu-jitsu como profissão. “O reconhecimento do atleta de jiu-jitsu é pouco. Não dá para viver do esporte”, destaca.
Mas o caminho está só começando. Já de olho no futuro, Maria Clara começou a preparação para a temporada de 2026. “Quero ser campeã na faixa preta. Estou me preparando para o Europeu, o Pan-Americano e o Mundial. Isso aqui não é onde quero chegar, é só o começo", finaliza.